Acordei. Eram quatro horas da manhã. Esfreguei os olhos com preguiça. Fiquei sentado na cama, de olhos fechados, e esperei até lembrar onde estava. Levantei-me, enfiei os pés nos chinelos que me acompanham há tantos anos e caminhei até a cozinha. Bebi um copo d’água. Fiz café. Sentei-me na cadeira dura enquanto aspirava o aroma suave do arábica. Fechei os olhos. Perdi a noção do tempo. Tenho que devolver um livro que me emprestaram, não posso esquecer. Preciso alisar o chão de terra onde ponho comida para os passarinhos. Está cheio de rachaduras, os grãos de alpiste afundam, e as pobres aves não conseguem alcançá-los. O bambu que cortei há meses já está seco. Tenho que prepará-lo antes que as chuvas comecem. Já é quase Outubro. Hoje vou fazer o primeiro corte na rúcula que plantei há um mês de uma semente que não poderia ter nascido. Sua validade venceu em Setembro de 2004. Mas nasceu, porque ignorei o seu prazo de validade. Eu também nasci, mas com prazo de validade não revelado. Vou fazer como fiz com a semente. Ignorar o prazo e plantar-me a cada dia. Hoje é 16 de Setembro. Oitenta anos atrás eu vi a luz pela primeira vez. Assim me disseram. 80. Um número formado por três zeros. Um grande e dois pequeninos.
Luigi
Querido, parabéns!
ResponderExcluirE a idéia de plantar-se é maravilhosa, para que raízes nasçam, te prendam na terra e você não nos fuja nunca. Quero muito chegar aos 80 assim, mais jovem do que sou agora.
beijo e muitas felicidades. Curta muito seu aniversário, hoje e por muitos dias ainda.
Monica
Querido Mestre,
ResponderExcluirParabéns pela sua linda crônica, pela sua plantação de rúcula e pelo seu aniversário.
Obrigado pela alegria e jovialidade que você dá ao grupo. Quando eu for grande quero ser como você.
Beijos festivos,
Claudia