quarta-feira, 21 de abril de 2010

Parabéns Brasília



No centro de um planalto vazio plantaram uma cidade. E, foi chegando gente de tudo quanto é lado. Gente estrangeira, gente brasileira. Trabalhadores.Meus pais vieram antes, recém-casados. Eu cheguei em 1964 e morei na Capital Federal até os oito anos de idade.

Em Brasília aprendi a andar, ler, escrever. E, a brincar. Fazia comida para minhas bonecas que viviam lambuzadas de barro, como eu. Brincava de pique-pega, pique-esconde, amarelinha. Gostava de cutucar tatu-bola no chão gelado da varanda de casa. Aprendi a andar de bicileta, e ganhei como prêmio um bombom do meu melhor amigo.

No Zoo andei de elefante, brinquei com filhote de leão e fiquei impressionada com as galinhas que eram atiradas, dentro do viveiro, para o almoço das cobras.

Fui pela primeira vez ao circo e não fiquei nem um pouco confortável quando o palhaço perguntou: Você faz xixi na cama? meu rosto ardia em vermelho, aflita podia jurar que a pergunta era feita para mim.

Fui ver a chegada dos restos mortais de D. Pedro I e abanei orgulhosa bandeirinha verde e amarela. Vi a Rainha da Inglaterra passar. E, também estava lá no desfile do Time Campeão da Copa de Setenta. Quando da chegada do homem à lua, estava de frente para a televisào, como o resto do mundo.

Aprendi a admirar o belo : Nos fenômenos da natureza onde o céu é de um azul profundo, o pôr do sol lindo e a chuva anda. E, nas construções : A Catedral, o Palácio do Itamarati, O Palácio da Alvorada, A Praça dos Três Poderes, o laguinho defronte ao Congresso Nacional com lindos cisnes. O vitral com 12 diferentes tons de azul da Igreja Dom Bosco.

Em Brasília tudo era brincadeira, fantasia, imaginação, lá eu vivi a minha infância, a melhor parte da vida, e aquela alegria trago comigo até hoje.

Miranda

3 comentários:

  1. Paçoca
    Vou comentar o seu texto influenciada pela crônica que postarei em seguida: quanto vale cada coisa?
    Brasília para você traz as lembranças da sua infância. Para mim é parte da minha adolescência, mas uma parte muito ruim, porque foi lá que passei todas as minhas férias, entre os 12 e 15 anos. Leia-se: de 1976 a 1979, época em que a primeira geração de brasilienses estava crescendo, as famílias que morava por lá tinham vindo de outros estados, para onde as mulheres e crianças voltavam nas férias. Vivi então, nas minhas férias de adolescente, em uma espécie de contra-fluxo. Quando eu chegava todos saiam, me deixando uma cidade semi deserta. Tudo o que me restava eram os livros, minha bicicleta e os passeios com meus irmãos e minha mãe, que nunca dirigiu carro, e meu pai nos finais de semana. E muito tédio, sem contar a inveja das minhas amigas que iam para Cabo Frio, Saquarema, Rio da Ostras, Teresópolis...
    Quanto vale cada coisa? Depende...
    Beijo
    Monica

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  2. Paçoquinha,

    Bela crônica . Vivi em Brasília 5 anos e, se não fosse essa minha estranha obsessão pelo Rio, teria aproveitado muito mais da cidade.
    Meus filhos aproveitaram muuuuuito daquele "parque" chamado Plano Piloto. Mal colocavam os pés na "rua" e já estavam numa grande área de lazer.
    Beijos,

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  3. Lindas memórias, Paçoca. Guarde-as bem. Você fundou uma cidade, participou de uma experiência única no mundo. A Brasília de hoje não mudou muito. Os edifícios estão lá, concluídos, soberbos, imponentes. Mas certamente mudaram as pessoas. A Brasília de hoje é uma metrópole densa, com seus conflitos e suas contradições. Você dificilmente encontrará nas pessoas a candura e a ingenuidade com que você escreveu suas memórias
    e que tornam o seu texto encantador.
    Lindas memórias Marcia, lindas memórias. Guarde-as bem.
    Severino

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