Escolhi este assunto entre muitos que foram sugeridos pelos amigos do Depois da Oficina. Andava sem inspiração precisando de um empurrãozinho. Imaginei que ia ser fácil. Adoro cores. Em criança ao ser perguntada o que gostaria de ganhar, respondia sem titubear: Quero uma caixa de lápis-de-cor. Acabei com muitas caixas, tentando colorir a minha vida. A cor já foi até meu ganha pão. E agora que preciso delas para contar uma história, vejo tudo preto.
É isto, tudo preto, uma melancolia de fazer gosto. Quando me bate esta melancolia não sinto vontade de fazer nada, ou por outra sinto vontade de chorar uma semana. Cadê as lágrimas? Lágrimas são incolores! E o tempo? Para chorar uma semana é preciso tempo, no mínimo uma semana. Mas a vida não me espera, o céu de outono me acusa de azul anil.
O dever me chama, a máquina com a roupa branca já centrifugou é preciso colocar a roupa azul. É, não vai dar mesmo para ficar chorando, vou ter escrever meu texto. Deus do céu me deu um branco, as palavras não vem. Também quem mandou chamar-me de enfadonha.
Calma. Na dúvida mantenha a calma. Conte memórias, as pessoas gostam de saber da vida da gente, mesmo que não seja lá tão verdadeiro. Então mãos à obra.
Trabalhei num estúdio de fotolitos, que mais parecia uma versão pós-moderna da nave do Dr. Spock. Os equipamentos eram de última geração, tanto no design quanto na tecnologia. Os operadores trabalhavam de jalecos, luvas e pantufas impecavelmente brancos. Toda uma parafernália que era muito mais marketing do que funcionalidade.
Vendo aquele estúdio futurista, o cliente (com toda a razão, que sempre a tem) não queria nem saber, achava que me entregando a reprodução de um quadro de Pablo Picasso, por exemplo, obteria um impresso idêntico ao que ele tinha visto em Paris, em sua última temporada de ócio criativo.
Missão impossível. Um original, que não era tão original assim. A tela que mostra uma cor, a impressora de provas que imprime outra e o produto final que tem pouco a ver com o original. Na verdade eu só podia fazer oitenta por cento do trabalho, os outros vinte por cento gastava tentando convencer o cliente que computador não erra! Ou seja: o original em preto, aparece na tela para mim em roxo e a impressora de provas deixa o roxo um tanto aguado. Mas, na verdade o pintor tinha escolhido um azul marinho!
Meu tempo acabou, a melancolia continua, o céu já está sendo invadindo pelo amarelo do por do sol, não vou poder reler e agora só me resta convencer o leitor que terminei o texto!
FIM !
Miranda
Caríssimos,
ResponderExcluirnão sei o que aconteceu com o primeiro parágrafo. Já fiz de tudo e não muda! Vou consultar um guru e volto mais tarde para consertar. Quanto ao textoi não tinha conserto mesmo então eu resolvi postar este na esperança de surgir um melhorzinho depois!
Está legal assim. Você leu com tanta timidez na casa do Luigi que nem deu para ver que está bem legal. Acho que tem umas vírgulas fora do lugar, mas como não tenho certeza e melhor deixar quieto!
ResponderExcluirbeijo
Monica
Miranda
ResponderExcluirNão se aflija à toa. Ninguem chamou você de enfadonha. O que o pobre Severino disse foi que o seu texto era enfadonho. Que era ingênuo e que era um esforço seu para suprir a ausência dos colegas, já que você escrevia coisas bem melhores. Além do mais, prevendo que você "afogaria em lágrimas o palco" pediu perdão, não só a você, como aos colegas, pelo despautério que estava cometendo. Leia de novo o comentário, e você chorará de arrependimento por ter chorado. E o Severino chorará com você.
Luigi