Tenho pavor a despedidas. E quando parto para uma viagem, por mais curta que seja, começo logo a pensar na alegria da volta. Só assim consigo atenuar a tristeza que sinto ao afastar-me dos meus amigos. Gostaria que fossem comigo, temo perdê-los com a ausência. Fico imaginando os momentos de alegria inusitados que poderíamos compartilhar durante esse convívio, longe da rotina domésticas de cada um.
O desconforto de bordo não me permite maiores divagações. Servem-me um lanche numa tigelinha onde identifico uma espécie de salada cujo principal ingrediente são grãos de milho inteiros, felizmente cozidos. Nada mais adequado, penso eu. O lugar onde estou é a coisa mais parecida com aquelas gaiolas que se usam para transportar galinhas. Não posso me queixar. Eu não sou mais do que um bípede depenado.
Desço no Aeroparque, o aeroporto doméstico que eu não conhecia, próximo ao centro da cidade. Fantástico, em quinze minutos estou no hotel.
Buenos Aires está de mau humor. Não encontro mais aquela alegria que contagiava o turista. As pessoas correm pelas ruas falando pelo celular em tom áspero, gesticulando nervosamente, desferindo golpes no ar. O atendimento nas lojas não é cordial como outrora e os garçons parecem mamulengos.
Soçobrando entre medialunas e almendrados sinto falta do chopinho e das batatas fritas com os meus amigos, depois da oficina. Vou para o Ateneu e os encontro esgueirando-se por entre os livros ou espalhados pelas frisas e camarotes trocando olhares entre si como se não me vissem. Vago pelo palco. Volta-me a nostalgia das aulas. Invade-me o afeto que surgiu daquela convivência desprovida de preconceitos e de vaidades. Quero levá-los ao “El Buller”, em Recoleta. Lá tem cerveja de verdade. E poderemos rir e chorar.
O desconforto de bordo não me permite maiores divagações. Servem-me um lanche numa tigelinha onde identifico uma espécie de salada cujo principal ingrediente são grãos de milho inteiros, felizmente cozidos. Nada mais adequado, penso eu. O lugar onde estou é a coisa mais parecida com aquelas gaiolas que se usam para transportar galinhas. Não posso me queixar. Eu não sou mais do que um bípede depenado.
Desço no Aeroparque, o aeroporto doméstico que eu não conhecia, próximo ao centro da cidade. Fantástico, em quinze minutos estou no hotel.
Buenos Aires está de mau humor. Não encontro mais aquela alegria que contagiava o turista. As pessoas correm pelas ruas falando pelo celular em tom áspero, gesticulando nervosamente, desferindo golpes no ar. O atendimento nas lojas não é cordial como outrora e os garçons parecem mamulengos.
Soçobrando entre medialunas e almendrados sinto falta do chopinho e das batatas fritas com os meus amigos, depois da oficina. Vou para o Ateneu e os encontro esgueirando-se por entre os livros ou espalhados pelas frisas e camarotes trocando olhares entre si como se não me vissem. Vago pelo palco. Volta-me a nostalgia das aulas. Invade-me o afeto que surgiu daquela convivência desprovida de preconceitos e de vaidades. Quero levá-los ao “El Buller”, em Recoleta. Lá tem cerveja de verdade. E poderemos rir e chorar.
Severino Mandacaru
Querido Luigi,
ResponderExcluirA linguagem da saudade, do amizade e do bom-humor é universal. Tenho certeza que você vai gostar de todos os comentários que serão feitos. Digamos que a sua linda crônica acertou na mosca! Digo, nos nossos corações! Miranda
Querido Mestre,
ResponderExcluirEstávamos lá no Ateneu sim, eu folheava um catálogo com as obras de Dalí, Paçoca encontrou um pocket book em espanhol de Mia Couto e procurava afobada os óculos dentro da bolsa . Moniquinha lia em voz baixa Caio Fernando, também em espanhol, sentada numa poltrona de couro macio. Não nos falamos, absortos que estávamos na leitura ou a procura dela.
A nossa amizade tem dessas coisas, sempre estaremos juntos, mesmo que em pensamento.
Não viu não ?
Super lindo!!!
ResponderExcluirNão sei se algum dia iremos a Buenos Aires juntos, mas de coração desejo muitas e muitas quinta à gente, junt@s (pode ser segunda, terça, quarta, sexta, etc).
beijos ultrafraternos
Do seu
Noronha