Travo uma luta eterna com as palavras quando escrevo, algumas. me são solidárias, outras , como meninas inconseqüentes, escapam da minhas mãos, em queda. Quando nos acertamos, sou capaz de textos práticos, consoladores, profundos ou até autoritários.
Tento me enturmar em seus meandros, buscá-las ao meu redor, interceder por elas, submissa e apaixonada que sou por seus poderes de sedução.
Palavras podem exprimir tudo quando bem empregadas, ou nada quando deslocadas, e esta eterna escolha entre o sim e o não – o que escrever ou falar aqui, o que não escrever ou falar acolá – me embriagam de satisfação e desejo de tentar colocar e recolocar cada vocábulo em seu devido lugar.
Somando-se a posição que devem estar para serem consideradas gramaticalmente corretas, ainda carregam o sentimento que vem lá do nosso âmago, todo ciclone, exasperado ou simplesmente tranqüilo e claro, límpido.
Bem posicionadas, finalmente, no papel, na tela do computador é a hora de apará-las, recortá-las, ampliá-las, expandi-las e ainda acrescentar-lhes os apêndices, que são as vírgulas, os pontos variados, as reticências...
Então, quando pensamos que finalizamos a tarefa, satisfeitos ou quase, pelo resultado obtido, lançamos ao léu para que o mundo entenda a nossa mensagem.
Pois aí é que nos enganamos. Assim como travamos uma luta com nossas palavras, quem nos lê, tem lá também as batalhas com as suas. Portanto o que é tão claro para nós, parece obscuro para o outro. Uma palavra que demonstra meu sofrimento , é tão pândega para alguém, ou o que escrevo rindo o leitor lê chorando.
Me dou conta então, que o importante é amadurecermos as nossas próprias convicções sobre a beleza e a adequação das nossas palavras, afinal, se é arte escrever, é arte também ler o que o outro escreve.
Afinal as palavras nunca serão de ninguém, ao contrário, são livres e independentes a espera de quem queira alcançá-las.
Afinal as palavras nunca serão de ninguém, ao contrário, são livres e independentes a espera de quem queira alcançá-las.
Como dizia o poeta, lutar com palavras é a luta mais vã.
Claudia Bontempo
Claudia Bontempo
Essa crônica eu dedico ao meu amigo Luigi, pelas várias tentativas e nenhuma desistência, para que eu não esquecesse das "minhas palavras"...
ResponderExcluirCláudia,
ResponderExcluirque linda luta você sai vencedora a cada texto! Ouso dizer que as palavras te amam, como amam a quem este lindo texto é dedicado. Parabéns! Gostei mais desta foto do que da outra. Bjs da Paçoca
Palavras de mestre, Claudia, palavras de mestre. Que mais posso dizer? Obrigado!
ResponderExcluirVocê já conhece a minha opinião sobre esta sua crônica.
Luigi.
PS. Espero que você não hiberne de novo. Estamos em pleno verão, a adrenalina saindo pelos poros.
Imagino que este foi o texto que você tinha postado antes e modificou, certo? Ficou muito melhor. Agora, interessante que o texto do Luigi também remete às palavras....
ResponderExcluirbeijos