sexta-feira, 14 de maio de 2010

Fim de férias (Monica Noronha)



Meu Caro Bela
Há quanto tempo sem notícias de todos, e vocês sem notícias minhas! Quanta saudade, meu velho! Nem sei se esta carta chegará antes de mim, que em breve estarei de volta. Mas como consegui um portador, coisa difícil aqui no Paraíso, não resisti e resolvi escrever algumas breves linhas.
O que dizer desta maravilha que é a Pousada? Nem sei por onde começar. Depois de todo o tempo por aqui, são tantas as novidades que é difícil escolher um começo. E se eu esquecer alguma coisa também não tem importância, o que não faltará é tempo na minha volta para colocarmos os papos em dia. Manda logo o Bigode separar uma caixa de cervejas, o que não falta é assunto. Então vamos lá:
Primeiro, os Spreaficos: que gente acolhedora, meu Deus. Não teve um dia sequer em que o distinto Luigi não tenha reservado pelo menos uma horinha para uns dedinhos de prosa comigo. E olha que ele sim, é uma pessoa atarefada, ele a sua distinta senhora. Quando tocam o sino de despertar, lá pelas 5:00h, há muito eles mesmos já estão de pé e com o café da manhã preparado, para todos os hóspedes. Então comemos uma breve refeição frugal e saímos para o campo. Sua senhora não vai conosco porque tem seus afazeres no Paraíso, mas jamais se esquece do delicioso lanche do meio da manhã, cada dia uma iguaria diferente.
Nossa rotina: como acabei de contar, acordamos todos os dias com as galinhas, quer dizer, um pouquinho antes delas, porque quando elas acordam já querem logo ter o seu milho à disposição, então temos que estar todos de pé antes delas. Tomamos o desjejum preparado pelos Spreaficos (além de muito distinto meu novo amigo Luigi é um ótimo cozinheiro) e saímos ao campo. Nossas tarefas são simples, bem mais simples do que a rotina enfadonha que eu tinha quando era funcionário dos correios: aparamos a grama, cortamos mato para as vaquinhas, tiramos mel das colméias, colhemos frutas e verduras para o almoço e a sopa do jantar. Lá pelas 9:30h nos sentamos em alguma pedra para desfrutarmos do delicioso lanche e voltamos a trabalho. Terminadas as tarefas, voltamos para a sede do Paraíso, nos banhamos (detalhe, aqui não há chuveiro nem água quente, mas sim um cano que sai da parede, com uma deliciosa ducha) e nos sentamos à mesa para o almoço. À tarde saímos para uma longa caminhada morro acima, de onde nos extasiamos com o por de sol mais belo que já vi em minha vida. Findo o sol, uma branquinha da roça, a bela sopa do dia e cama. Estou revigorado, meu velho, com a disposição de um menino!
Bom, preciso terminar, o portado já está aqui ao meu lado. Volto no próximo final de semana, preparem uma bela feijoada que estou louco para comer umas gordurinhas! Convide todos, que essa vai ser por minha conta. Infelizmente não terei fotos para mostrar, minha câmera caiu num riacho logo na primeira semana, mas tenho tudo registrado na memória.
Um grande abraço, a você e a todos e todas
Ah, convide também o filho da puta do Bigode, vou pagar umas cervejinhas para o canalha. E não se assustem com a minha aparência, desde que cheguei por aqui não pude em barbear (o Paraíso não tem espelhos), emagreci acho que uns vinte e cinco quilos e tenho algumas picadas de insetos pelo corpo, mas a alma, ah, a alma está magnífica!
Do Seu
Vavá

2 comentários:

  1. Prezado Tio Vavá,
    cada um tem o paraíso que merece! Quando vi que não tinha àgua quente, pensei: Tô fora! Mas relevei quando li que o senhor emagreceu 25kg! De qualquer forma a cia dos Spreafico justifica a estada!

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  2. Vavá,
    suas referências à Pousada Paraíso me emocionaram e me trouxeram de volta lembranças que me são caras. Você sabe, um chopinho aqui, uma pinguinha alí... O que eu gostaria mesmo é que a gente voltasse a se encontrar como naqueles tempos. Vou falar com os Spreafico para ver se descolo alguma coisa. Enquanto isso, vamos continuar firmes no chopinho com batata frita e aquele papo com muita risada. Porque rir é uma necessidade fisiológica essencial.
    Seu admirador, Severino

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